A educação nos objetivos globais de desenvolvimento

Em setembro de 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou os Objetivos Globais de Desenvolvimento para o período 2016 – 2030 (http://www.globalgoals.org/pt). São 17 objetivos, com suas metas, que atualizam os...

ODS04

Em setembro de 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou os Objetivos Globais de Desenvolvimento para o período 2016 – 2030 (http://www.globalgoals.org/pt). São 17 objetivos, com suas metas, que atualizam os conhecidos Objetivos do Milênio, referenciados ao período 2000-2015.

Uma primeira comparação dos dois documentos revela diferenças importantes. Primeiro, em sua concepção. Enquanto os oito Objetivos do Milênio focavam questões mais específicas, como a “Alcançar a Universalização da educação primária” (objetivo 2) – equivalente ao Ensino Fundamental anos iniciais no Brasil, ou “Reduzir a Mortalidade Infantil” (objetivo 4), o atual é mais amplo. Por exemplo, para os próximos 15 anos, o objetivo que diz respeito especificamente à educação (Objetivo 4): “Educação de Qualidade – Garantir educação inclusiva para todos e promover oportunidades de aprendizagem equitativa e de qualidade ao longo da vida”. A mesma lógica se aplica à saúde e aos demais temas.

O espírito que permeia o documento pode ser resumido por: o compromisso com o desenvolvimento global; com a sustentabilidade e a preservação do planeta; com o reconhecimento e aceitação das diferenças entre pessoas; com a justiça, a inclusão e a paz. O que, a princípio, pode passar por maior grau de generalidade, numa análise mais cuidadosa revela-se como estratégia para dar conta do todo, da diversidade das nações e regiões, abrigando as especificidades de cada uma delas.

Tratada especificamente no Objetivo 4, da mesma forma que a Inovação (Objetivo 9 – “Inovação e Infraestrura”), ambos são considerados estratégicos para o alcance dos demais. O uso e a disseminação dos recursos de tecnologias de informação e comunicação, por sua vez, é explicitamente considerado nas metas associadas a todos os objetivos.

Talvez a mais importante diferença entre os dois documentos seja a marcante mudança de concepção de planejamento que os orienta. Enquanto os Objetivos do Milênio são pautados por conceitos, instituições e atores claramente associados ao século XX, o atual tem como princípios a interconectividade entre as ações nos diferentes setores; a atuação por redes, superando algumas das tradicionais dicotomias público x privado; e o uso de tecnologias como recursos essenciais para a ação. Em resumo, incorpora importantes transformações que caracterizam este novo século e pautam as relações entre pessoas, entre pessoas e natureza, as relações sociais e as de produção.

As estratégias de mobilização para os Objetivos Globais são também totalmente distintas. Exemplo disso é o movimento pela “Maior Aula do Mundo”, apoiado pela Unicef, que visa atingir todas as escolas e classes do mundo e, com isso, mais do que conscientizar todas as crianças e jovens sobre os Objetivos Globais, conseguir transformá-los em valores para essas novas gerações.

Mas, focando a educação e, em especial, em como adequar nossos modelos e instituições para dar conta do mundo em que vivemos e do que se configura para os próximos 15 anos, os desafios são imensos. Em termos específicos, destaca-se, no Objetivo 4, a ênfase na “aquisição de conhecimentos e habilidades necessários para promover o desenvolvimento sustentável, o que inclui, entre outros, a educação para modos de vida sustentáveis; direitos humanos; equidade de gênero; promoção da cultura de paz e da não violência; cidadania global; e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável. Destaca-se ainda o papel precípuo de desenvolver as competências para que os jovens e adultos “sejam empreendedores” e tenham “trabalhos decentes”.

Por tudo isso, fica claro que o que o mundo de hoje espera como resultado da educação não é aquilo que nossas escolas estão acostumadas a promover. O documento sinaliza claramente a direção e as expectativas sobre o que se considera, internacionalmente, educação de qualidade.

A universalização do direito à educação de qualidade, que pressupõe o respeito a diferenças, a busca por equidade, igualdade de oportunidades, desenvolvimento de potenciais dos indivíduos e criação de capacidade de adaptação a mudanças rápidas de cenários, requer, simultaneamente, ganhos de escala, despadronização de processos, revisão dos resultados esperados e suas formas de aferição. Em paralelo, educadores precisam ser formados, adquirindo as competências para lidarem com essas novas realidades que assolam as relações humanas e produtivas. Sem a utilização de recursos de tecnologia, essa tarefa não será viável.

Portanto, é imperativo que a educação, cada escola e cada profissional, se repense e olhe para a frente, encarando a missão de formar as crianças e jovens para o mundo que se configura, e não para o que já passou.

Bett Brasil Educar 2016

O maior evento de educação e tecnologia do Brasil se realizará nos dias 18 a 21 de maio de 2016, no São Paulo Expo, em São Paulo.

O evento é composto pelo congresso e pela feira.

O congresso propicia oportunidades de formação continuada a educadores e gestores escolares e de sistemas educacionais, com ênfase no aprimoramento de suas práticas.

A feira, de visitação livre, visa à atualização dos profissionais da educação sobre recursos, soluções e inovações. Representa uma oportunidade de experimentar e vivenciar a utilização dos recursos e soluções apresentados (sessões “Mão na Massa”); de conhecimento e discussão de casos de inovação e/ou utilização de soluções, apresentados por professores, gestores ou alunos (sessões de “Estudos de Caso”); da identificação de tendências (Área de Start ups); de troca de experiências entre pares; de atualização sobre o que de mais relevante está disponível para a melhoria da qualidade da educação.

Fonte: Brasilpost.com.br