O autor Marcio Zeppelini (2007) relata que o termo advocacy se generalizou a partir do acelerado crescimento do terceiro setor. Já o autor Marcello Fragano Bairdm (2019) relaciona esse crescimento desde a redemocratização do Brasil. Ele conta que a partir dessa época houve um despertar de grupos da sociedade civil com o crescimento dos conselhos de participação nos três níveis de governo e que as organizações não
governamentais (ONGs) procuraram se estruturar para participar com efetividade desse cenário.
Esse processo faz parte da chamada democracia participativa, ainda tímida no nosso país, mas que após a Constituição Federal de 1988 veio se materializando a partir das ferramentas que a própria Constituição nos ofereceu até hoje.
O contexto do nosso sistema político vai ditar os termos das possibilidades e limites de ação das organizações da sociedade civil em determinado momento histórico, seja das empresas privadas ou do terceiro setor. Portanto, existe uma estrutura política e regimental que possibilita o trabalho de incidência política das organizações, porém, o limite dessas possibilidades pode diminuir na mesma medida em que pode crescer.
E é nesse sentido que as organizações têm espaço para fazer advocacy e contribuir na criação de maiores condições de atuação em determinada estrutura política para a ampliação tanto do processo de incidência política, como para a democracia em si, além da contribuição para que as ações sejam então mais efetivas e duradouras.
O terceiro setor tem poder e influência para informar, conscientizar e até mobilizar a opinião pública e, para isso, pode utilizar de diversas ferramentas, e entre elas estão as estratégias de advocacy. Para que todas essas ferramentas funcionem a fim de que objetivo da incidência seja
de fato efetivo, é essencial a construção de uma estratégia bem definida e uma gana de conhecimento contínua.
Estratégias de Advocacy
A existência da estratégia de advocacy garante que as ações tenham maior impacto e possam ser mais assertivas. Para acompanhar a efetividade dessas estratégias é necessário que sejam estabelecidos alguns critérios para o monitoramento e a avaliação dessas ações. O Guia para a Construção de Estratégias de Advocacy (2019) lista um conjunto de motivos para a elaboração desse planejamento. Portanto, planejar nos ajuda:
1 – Alinhar as ações de advocacy entre as diferentes áreas e com os objetivos
estratégicos da organização a longo e curto prazos;
2 – Alocar, da forma mais efetiva possível, os recursos existentes (tempo,
recursos financeiros e habilidades);
3 – Minimizar riscos e maximizar oportunidades;
4 – Identificar oportunidades de coordenação e colaboração, minimizando a
duplicação de esforços;
5 – Auxilia os membros da organização a navegar nos complexos, dinâmicos
e diversos ambientes nos quais as políticas públicas são elaboradas e
implementadas;
6 – Tornar as ações de advocacy efetivas;
7 – Definir resultados intermediários, enquanto mantem-se uma visão de longo prazo.
O mesmo guia conclui que, além das políticas sobre as quais se deseja influenciar e sobre quais ações devem ser desenvolvidas, e a forma que serão monitoradas, é importante que se tenha a clareza de como o advocacy aparece na estratégia geral da própria organização ou coalizão.
Assim, a dedicação e os esforços serão somados não só para a política influenciada, mas também para aumentar o processo de fortalecimento e aprendizado da própria organização.
As organizações ou coalizações, na intenção de promover suas políticas, seus interesses e na defesa de suas causas, utilizam-se de uma variedade de técnicas e estratégias nessa direção. O autor Eduardo Patri (2011) entende que, mesmo com disparidades de forças, é possível conquistar alterações nas políticas de seus interesses desde que sejam apresentadas informações técnicas sobre o tema ou causa em debate.
Nessa perspectiva, entendemos como fundamental aprimorar o papel das relações institucionais e governamentais (RIG) para estabelecer e fortalecer a interlocução entre os atores. As atividades dessa área são responsáveis pelo processo de gerenciamentos das etapas estratégicas e principalmente para tornar a representação dos interesses mais eficiente.
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