CEPAL vê crescimento de 1,1% para América Latina e Caribe em 2017; PIB brasileiro deve subir 0,4%

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) manteve sua projeção de crescimento médio regional em 1,1% este ano — frente a uma queda de 1% em 2016 — e destacou a importância das políticas macroeconômicas...

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) manteve sua projeção de crescimento médio regional em 1,1% este ano — frente a uma queda de 1% em 2016 — e destacou a importância das políticas macroeconômicas anticíclicas para recuperar o dinamismo econômico.

O relatório indicou que, no âmbito do emprego, as condições do mercado de trabalho continuaram se deteriorando devido a uma nova queda da taxa de ocupação urbana. Para a região em seu conjunto, espera-se que a taxa de desemprego urbano aumente de 8,9% em 2016 para 9,4% em 2017.

Os países da América Latina e do Caribe crescerão em média 1,1% em 2017 após dois anos consecutivos de contração, graças a um avanço nos preços das matérias-primas e a um contexto internacional que, apesar dos riscos geopolíticos, apresenta melhores expectativas de crescimento. Para o Brasil, a expectativa é de alta de 0,4%, frente a uma queda de 3,6% em 2016.

As previsões constam no Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2017, divulgado nesta quinta-feira (3) em Santiago, no Chile. O relatório destacou a importância das políticas macroeconômicas para dinamizar o crescimento de longo prazo e avançar para a necessária mudança estrutural da economia regional.

“Para retomar o crescimento de médio e longo prazo é necessário contar com políticas anticíclicas que não somente se concentrem em reduzir as flutuações do ciclo, mas também em modificar aquelas características específicas que influem negativamente no crescimento e na estrutura produtiva dos países da região”, disse Alicia Bárcena, secretária-executiva da CEPAL, em coletiva de imprensa.

“Isso implica avançar em direção a marcos contracíclicos da política fiscal que defendam e promovam o investimento público e privado. Trata-se de revisar as regras fiscais para que permaneçam como instrumentos pró-estabilidade, mas que sejam também pró-investimento. Esse marco fiscal deve ir acompanhado de uma política financeira de estabilização do crédito e uma política monetária que apoie o crescimento do investimento e que vá além de instrumentos como a taxa de juros”, completou.

O estudo analisou os desafios de política econômica para dinamizar o investimento e o crescimento. O organismo indicou que o processo de alcançar equilíbrios nas trajetórias da dívida e do resultado do setor público não deve restringir o investimento público. Para isso, separar o investimento dos gastos correntes ajudaria a eliminar o viés contra o investimento nos processos de ajuste do gasto público.

O organismo também enfatizou a importância de fortalecer a capacidade de aumentar as receitas públicas mediante mudanças na estrutura tributária (com o estabelecimento de mais impostos diretos), fortalecimento das administrações tributárias e a redução da evasão e elisão.

Segundo o relatório, assim como em anos anteriores, é projetada uma dinâmica de crescimento diferente entre países e sub-regiões. Espera-se que o Produto Interno Bruto (PIB) da América do Sul cresça este ano 0,6%, enquanto as economias da América Central e o México irão se expandir 2,5% em média, graças ao aumento da renda por remessas e às melhores expectativas de crescimento dos Estados Unidos, seu principal sócio comercial. Entretanto, para as economias do Caribe de língua inglesa e holandesa espera-se um crescimento de 1,2%, após a contração de 0,8% registrada em 2016.

O relatório estima que, diferentemente do ano passado, em 2017 todos os países da região apresentarão taxas positivas de crescimento, com exceção da Venezuela — cujo PIB deve cair 7,2% — e dos países do Caribe (Santa Lúcia e Suriname, cujo PIB deve ter baixa de 0,2%).

De acordo com a CEPAL, entre os fatores que afetarão positivamente o desempenho econômico da região este ano está a moderada recuperação da economia mundial, que deve encerrar 2017 com um crescimento de 2,7%, três décimos a mais do que em 2016, um leve avanço do volume do comércio mundial (2,4%), além de maior nível de preços dos produtos básicos, que ficarão em média 12% mais altos do que no ano passado. Sob a perspectiva do gasto, observa-se uma ligeira melhora do investimento e um maior dinamismo do consumo privado.

O relatório indicou que, no âmbito do emprego, apesar da recuperação mostrada pelo crescimento econômico durante o primeiro trimestre de 2017, as condições do mercado de trabalho continuaram se deteriorando devido a uma nova queda interanual da taxa de ocupação urbana. Para a região em seu conjunto, espera-se que a taxa de desemprego urbano aumente de 8,9% em 2016 para 9,4% em 2017. Com isso, a taxa de desemprego urbano acumula um aumento de 2,5 pontos percentuais entre 2014 e 2017.

No âmbito fiscal, o déficit médio na América Latina se manterá estável em 2017, em torno de -3,1% do PIB, embora com tendências diferentes conforme a sub-região. No entanto, a inflação média das economias da região se reduziu a partir do segundo semestre de 2016, embora três economias mantenham taxas superiores a 20%. Essa tendência se manteve nos primeiros cinco meses de 2017, em que a inflação média desacelerou 1,6 ponto percentual, passando de 7,3% em 2016 para 5,7% em maio de 2017.

O Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2017 inclui notas sobre o desempenho econômico de cada um dos países da região em 2016 e no primeiro semestre de 2017, assim como os respectivos anexos estatísticos. As informações foram atualizadas até 30 de junho, com base nos dados oficiais entregues pelos países.

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