Por que as Nações Unidas querem incentivar pessoas a comer cacto

Organização da ONU defende uso para combate à fome. Alimento já é consumido no México e no Nordeste brasileiro A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) quer que o cacto – particularmente os do...

Organização da ONU defende uso para combate à fome. Alimento já é consumido no México e no Nordeste brasileiro

A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) quer que o cacto – particularmente os do gênero Opuntia, como a espécie conhecida como palma no Brasil – passem a fazer parte de mais menus pelo mundo. Em uma reunião no dia 30 de novembro, em Roma, especialistas afirmaram que o cacto têm potencial para ajudar no combate à fome, principalmente durante secas. “A mudança climática e o crescente risco de secas são razões fortes para promover o humilde cacto ao status de cultivo essencial em muitas áreas”, disse Hans Dreyer, diretor da divisão de produção e proteção de plantas da FAO.

A organização lançou uma nova versão de um livro com informações sobre o cacto. “Crop Ecology, Cultivation and Uses of Cactus Pear” traz informações sobre a genética das plantas, preferências de solo, vulnerabilidade a pragas e dicas sobre como explorar suas qualidades culinárias.  Origem e consumo A maioria dos tipos de cacto não é comestível. Mas os do gênero Opuntia (ou opúncia), principalmente os Opuntia ficus-indica, podem ser consumidos, de acordo com a FAO. Conhecida também como figueira-da-índia, a planta é originária da América e comum em locais de clima semi-árido, como partes do México e do Nordeste brasileiro. A espécie está presente em 26 outros países. Segundo a FAO, sua resistência a climas áridos a torna uma boa alternativa de consumo como último recurso em casos extremos ou como uma parte integral do sistema de agricultura sustentável na criação de animais. No México, o cacto é consumido quando ainda é jovem, chamado de nopalito, principalmente em saladas. As opúncias são cultivadas em fazendas pequenas ou colhidas na natureza em mais de 3 milhões de hectares. O consumo anual per capita no país, de acordo com a FAO, é de 6,4 quilos. É um pouco menos do que o brasileiro consome de milho (e seus derivados) por ano (7,4 quilos, de acordo com o IBGE).

No Brasil, a organização afirma que há mais de 500 mil hectares de plantações de palma usada para alimentação de animais. A palma (tanto a planta quanto os frutos) também é usada na alimentação humana. Pode ser utilizada no preparo de tortas, panquecas e até como cobertura de pizza. Segurança alimentar Segundo a FAO, as opúncias são uma peça essencial da segurança alimentar devido a sua capacidade de crescer em climas áridos e secos. Além de água, os cactos possuem açúcares, proteínas e vitaminas. Segundo reportagem do jornal Diário do Nordeste, a palma é mais nutritiva do que couve, beterraba e banana, além de ter baixo custo.

A FAO afirma que, durante a seca de 2015 no sul de Madagáscar, os cactos foram essenciais ao prover comida e água para humanos e animais na região. Em uma ocasião anterior, segundo a organização, a região foi atingida por outra crise de produção e não pôde ser salva pelo consumo do cacto, já que, à época, tentava erradicar a planta, vista como prejudicial à agricultura na região. Além de ser um alimento, o cacto serve como uma reserva de água. Pode acumular até 180 toneladas de água por hectare, o suficiente para manter cinco bovinos adultos. A organização afirma que, em tempos de seca, a taxa de sobrevivência de animais em fazendas que têm cactos é maior do que naquelas que não têm. O pesquisador do Centro Internacional de Pesquisa em Agricultura em Áreas Secas, Ali Nefzaoui, disse à FAO que, devido às pressões sobre o uso da água, o cacto será “um dos plantios mais importantes do século 21”.

Fonte: Nexo Jornal